26 de julho de 2005

COIMBRA: por quem cá passou...

«As 1001 noites sob o céu de Coimbra...

Adoro Coimbra ao entardecer, principalmente no Outono. O cheiro que esta estação traz envolvida, num final de tarde, ao passar pela rua do Botânico, a ouvir a RUC, com as folhas amareladas a interromperem a lenta caminhada até casa.
O banco de pedra na Faculdade de Letras virado para o sol a descer devagar sobre a cidade e a apagar mais um dia. Coimbra é a cidade perfeita para se vaguear à noite. Os candeeiros erguem-se imponentes na sua luz acolhedora e abrem-nos os olhos para as pequenas ruas que serpenteiam no meio de prédios que resistem gloriosamente à passagem do tempo. Sento-me nas escadas da sé velha. As luzes, as pequenas janelas e os sons que confluem todos no mesmo espaço...
O Piano Negro. As escadas que nos conduzem até ao Patelas, que nos deixam sem fôlego e nos recompensam no final com uma vista magnífica sob a veia aberta na baixa, a rua Ferreira Borges.
A cidade cheia de esconderijos como a cave das químicas com o som do contrabaixo a ecoar nas paredes. O Penedo da Saudade depois de uma noite sem dormir e as cores a mudar com o dia a nascer.
Coimbra em Agosto numa das raras esplanadas que sobrevivem ao desaparecimento quase fantasmagórico dos seus habitantes passageiros.
Coimbra no Inverno e a chuva a fustigar os prédios cansados e a pedir, com uma urgência muda, uma nova cara. Uma cidade que se renova e renasce num segundo para se tornar quase humana com toda a sua fragilidade imposta ao silêncio por aqueles que evitam as pequenas poças de água.
Transporto-me até aos pequenos cafés de bairro onde ainda recebem os clientes com um sorriso familiar...o esquininha, o nosso café...
As cidades fazem as pessoas e as pessoas fazem as cidades.
Gosto da maneira como operaste em mim tantas mudanças, dos sítios que ainda não me deste a conhecer, da tua resistência ao tempo e à impassibilidade daqueles que em ti não encontram nada de bonito...»

Cátia Faísco

3 comentários:

Anónimo disse...

Romântica e saudosa.
O Botânico fa-nos sempre sonhar!!!
O teu texto recorda-me muitos momentos felizes ali vividos.

Anónimo disse...

o meu grande amor pertence a essa cidade linda que descreveste... foi ela que o levou para longe de mim mas ao menos sei que está acolhido numa tamanha beleza infinita...

Anónimo disse...

Coimbra é uma palavra que dói... Coimbra é um sentimento, uma dimesão do meu eu... quero voltar sempre e sempre sentir-me em casa... quero voltar e encontrar-me comigo, exactamente como me lembro de mim...